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A Primeira Noite de Um Homem (The Graduate - Mike Nichols, 1967)




“- Como sabe que ela quer se casar com você?

- Ela não quer. Para ser honesto, ela não gosta de mim.”

Apesar de quase 40 anos de carreira, Mike Nichols fez “poucos” filmes. Porém, no que se propôs a fazer, o fez com maestria. Muitos diretores se aprimoram com o passar dos anos e consequentemente experiência. Dirigir Burton e Taylor, aos 35 anos, mais do que dirigir atores, tolerar o ego dos atores, e ainda conceber uma obra-prima, demonstrou o quanto Nichols era precoce. Ademais, é um dos poucos a ter a honraria de conquistar o EGOT (Emmy, Grammy, Oscar, Tony), além de ainda ter em sua filmografia as “peças” filmadas e densas Closer e Angels in America.


A Primeira Noite de Um Homem é, fundamentalmente, sobre o ritual de passagem, uma investigação sobre uma geração. Na festa para Ben, no início, vemos os amigos “adultos” dos pais de Ben o felicitando e o bombardeando com questões sobre o futuro. A decisão de Nichols em filmar as cenas da festa em close, conduz o espectador ao mesmo sentimento de asfixia ao qual Ben vivencia ao abandonar a festa. Digressão a parte: Tarantino fez singela homenagem ao filme em Jackie Brown.

Momentaneamente Ben e Mrs. Robinson, cada um a sua maneira, careceram um do outro, seja para processo de amadurecimento ou fuga da realidade de um matrimônio deteriorado. Porém, o “affair” é efêmero e o primeiro encontro com Elaine vem para ratificar que a predileção aos mesmos interesses, o diálogo e comunicação são elementos importantes para Ben.

A forma em que a edição e montagem – hoje clichê – utilizaram de artifícios simples para expor a passagem do tempo foi ato subversivo e de genialidade pura. E isso inclui o modo de utilização das músicas de Paul Simon (GÊNIO), quando as mesmas expressam os estágios e ciclos da existência de Ben.

The Sound Of Silence que permeia durante o filme, surge essencialmente nos momentos de introspecção, transição e aquisição de autoconfiança a que Ben carecia.


Mrs. Robinson que remete ao caos, na cena em que Mrs. Robinson chama a polícia para Ben até o final apoteótico na igreja.


Scarborough Fair têm das cenas mais singelas e poéticas que já vi. Variando intermitentemente entre a contemplação desolada distanciada de Ben a Elaine a alívios cômicos até sabermos o quão maquiavélica Mrs. Robinson é (calúnia do estupro).


A Primeira Noite de Um Homem é, acima de tudo, Mike Nichols em sua essência, isto é, a aplicação do banal, do cotidiano, como poesia e ainda assim, também é a subversão (ao futuro – invulnerado – que Ben trilhava) as comédias da época. E o plano final fundamenta implicitamente isto ao mostrar as feições dos protagonistas no ônibus: A adrenalina inicial, O deleite, e por fim, Os anseios e reflexão de ambos a jornada ao desconhecido, seja ele afortunado ou taciturno.

 
 
 

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by diogokerouac

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